BEDA #9 – RPG em família

Olá pessoas, tudo bem?

Estava eu um dia desses bem feliz rindo de piadas envolvendo rpg na internet e mostrei para o sobrinho 01 e ele não entendeu a piada. Não preciso dizer a cara de tia deslocada que eu fiquei.

Aí me dei conta que era hora de tomar vergonha na cara e apresentar o bendito RPG (aquele, mais de mesa) para os sobrinhos. Para ao menos eles entenderem minhas piadas envolvendo D20 e rolar iniciativa.

Fui na casa da mãe e desencavei todas as Dragão Brasil, o Manual 3D&T e os suplementos de Tormenta que eu tinha e levei para os padawans conhecerem.

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Manual 3D&T mais velho que andar para frente e Dragão com a aventura “O Dado Selvagem”.

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Ferramentas auxiliares para contextualizar a gurizada.

“Ai mas agora o que eu faço com isso?”

“Agora tu lê, para conhecer as regras e aprender a jogar.”

“Mas tem que ler TUDO ISSO???”

Esqueci que eles são da geração online e não conseguem desgrudar do computador nem para ler um pouquinho. Te vira aí magrão, quer jogar então vai ter que estudar. Lição 1 do RPG: leitura.

“Vamos jogar agora!”

“Não dá para jogar agora. Tem que bolar a aventura. E eu tenho que estudar a aventura, sou eu quem vai narrar, tenho que saber o que vai acontecer. E tem que fazer as fichas de vocês, isso leva tempo.”

Lição 2 do RPG: paciência.  Somando os sobrinhos 01 e 02, mais o marido e a irmã, foram quatro fichas de personagem para fazer. E eles perceberam que não é tão simples como fazer um pedido no Starbucks. Não é só número. É quem tu é, quais as tuas motivações. Mesmo que tu seja um vendedor de paçoca que foi atacado por um vampiro e se tornou um caçador de vampiros e outros mortos vivos (diga-se de passagem, a história do 01). Aliás, nessas horas é que tu vê aquela criatividade escondida, que se reflete em histórias mirabolantes e desenho do personagem atrás da ficha, como o filho de nobres de Valkaria que teve a família assassinada e foi criado num orfanato porque quando atingisse a idade certa ia ser usado em experimentos por magos, fugiu e virou espião (a história do 02).

Para mestrar a primeira aventura dessa turma escolhi “O Dado Selvagem”, que foi publicada na edição 68 da Dragão Brasil (nem lembro que ano foi isso…hehe). A aventura se passa em Arton, numa cidadezinha próxima à Valkaria, envolve artefatos mágicos etc. etc. Então um elfo ranger, um caçador de vampiros, uma clériga de Nimb e um espião entram em uma taverna e…

Lição 3 do RPG: trabalho em equipe. É difícil fazer com que todo mundo resolva fazer a mesma coisa ou ir para o lado que está previsto, principalmente em um grupo iniciante (e que tem um menino de 12 e um de 9 anos). “Então o mascarado saiu cavalgando em direção à ponte…” “Tô nem aí!!”

Felizmente com o tempo o grupo se ajustou e passou a debater e decidir as ações juntos, o que é uma coisa linda de se ver, principalmente se tratando de uma aventura em família. O que gerou momentos hilários e alguns bordões engraçados como o “cuida da tua vida”, ou o 01  influenciar a mãe e o irmão a irem por um caminho onde acabaram caindo numa fossa.

Outra coisa muito interessante que testemunhei foi compaixão por kobolds; em vez de derrotar o “chefão”, vence-lo com diálogo; e sacrificar um bem precioso em prol dos amigos. Lição 4 do RPG: RPG não é só combate. RPG não se trata só de XP ganho por monstro abatido. É diversão e  botar os miolos para funcionar. Cada ação geram consequências posteriores e é aí que entra o roleplay. Nessa lição meu grupo de iniciantes tirou A. 😉 tumblr_lz68jfQHXd1r1g5kr.gif

Agora, de volta à taverna com os bolsos cheios de outro e aclamados como heróis pela população do vilarejo, o grupo é procurado por um cavaleiro que precisa de ajuda e sabe quem poderá auxilia-lo…

Até amanhã!

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Jogos que conheci graças aos sobrinhos

Parece que foi ontem que eu estava voltando de uma prova de Biologia Celular e recebi a notícia do nascimento do 01 (mas faz mais de uma década). Agora fiquei um ano e meio sem visita-lo e de repente ele está da minha altura.

Sobrinhos são assim mesmo, uma hora a gente troca as fraldas, na outra eles dão dicas de jogos para a gente. E foram essas maluquices que eu conheci nessa viagem à Porto Alegre graças ao 01 e o 02.

Pokemon Trading Card Game

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Quem nunca jogou Pokemon até se acabar não sabe o que está perdendo. Mas até hoje só tinha jogado Pokemon no Nintendo DS ou nos emuladores da vida. Agora, jogar card game de Pokemon é outra história. Atualmente estou viciada em jogos de cartas (vide Game of Thrones e Munchkin) e esse Pokemon apareceu na hora certa (ou errada, porque não tenho grana para comprar decks, ahahahahaha). Tudo bem que eu e o 02 tomamos uma lavada do 01  porque não tínhamos um triste Pokemon básico na mão. E quando tínhamos pokemons, não tínhamos energia. Só sei que quero meu box do Charizard para ontem 😉

Hearthstone: Heroes of Warcraft

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Ah, jogos de cartas, seus malignos. Mais um para eu me viciar. É Magic? É World of Warcraft? Éééé….mais ou menos um híbrido. Hearthstone é um jogo de cartas online da Blizzard, onde tu pode jogar com decks de uma das 9 classes do jogo (que, claro, tu vence antes no modo treino) contra outras pessoas de nível equivalente, ó que joinha. Dai tu pode ficar bem viciado e baixar no computador, no tablet, no celular…Eu vi o 01 jogando e achei interessante, mas não sabia que era tão popular. Quando cheguei no Anime Buzz tinha até campeonato, eita! E no próximo Ribeirão Preto Animefest também vai ter.

Quem ficou interessado em se viciar em Hearthstone é só entrar no site oficial e baixar os paranauês.

Undertale

O jogo mais louco de todos. Depois de horas de jogatinas do 01 e 02 e assistir vídeos de gameplay e de zoeira com o jogo, além do 01 ter adotado nickname de um personagem, finalmente eu chego para eles e pergunto, curiosa pelos gráficos peculiares em um jogo atual: “Mas que jogo é esse?” “É o Undertale, Didi”.

Undertale é um RPG no qual humanos e monstros viviam juntos numa boa até (claro) uma grande treta guerra ocorrer e selarem os monstros em uma montanha. No jogo tu é uma criança humana chamada Frisk (e só isso do personagem não ter um gênero definido é legal, porque possibilita uma maior  identificação dos jogadores com el@) que caiu dentro dessa montanha e tem que sair de lá. Mas o mais bacana da proposta do jogo é que tu não precisa necessariamente enfrentar os monstros. Tu pode escolher entre conversar ou enfrentar, e as tuas escolhas é que definem como vai ser o final.

Agora, momento SPOILER: esse aí é o Flowey.

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Coisas para fazer antes dos 30: mestrar uma campanha de RPG.

Olá pessouas e pessouos (e seres extraplanares que eventualmente estejam lendo esse texto), tudo bem?

bc6815fbf48d72331c6dc01a3f8829e9Há eras eu ando com muita vontade de jogar RPG, mas por n motivos não jogava (sendo o motivo principal não ter grupo, ahahaha).  Aí que num belo dia da semana passada meus amigos do ensino médio vieram com uma idéia de jogar RPG via Whatsapp. Eu quase caí da cadeira quando li aquilo. “É isso mesmo, produção? É possível?!” Mas daí me empolguei e já era. O experimento via Whatsapp ainda não começou (tem que definir uma metodologia, afinal de contas) e sinceramente sou um tanto cética quanto ao sucesso de tão inusitada ferramenta para tal.

Mas a questão não é essa. Falar sobre jogar RPG no Whatsapp reavivou minha saudade de jogar RPG de mesa. Leia mais »

Causos de RPG parte 4 – Draco Dormiens Nunquam Titillandus

Meus caros, finalmente chegando à última (por ora) peripécia RPGística desta série, venho contar-lhes a história de Sardinhas Perigoso Feijão Bronzeado Intenso.

No verão de 2006, creio eu, estavam meus amigos e eu passando as férias na mesma fatídica praia citada no post anterior (começo a acreditar que tal local apresente condições ótimas para a prática desse jogo. Sugiro inclusive estudos a respeito).

Era uma aventura um tanto caótica e inusitada: os mestres se revezavam a cada período de tempo (intervalo esse igualmente arbitrário) e a narrativa ficou completamente confusa, com personagens indo e vindo a todo o momento. Era uma graça: toda vez que trocava o mestre era como se abrisse um void e um personagem jogador reaparecia.

Chego eu na casa desses seres para jogar conversa fora e acabei me metendo na confusão.

“Quer jogar, Ju?”

“Tá, me diz aí os personagens que já tem”

Havia um monge, um mago e um bardo (cheguei no momento em que o bardo estava mestrando).

Fiquei pensando “com o que diabos não joguei ainda…”

“Ah, faz uma druida aí”

Não sei se foi pelo fato da história ser desordenada demais, estar mais para Matar, Pilhar e Destruir e eu não saber ainda usar os recursos que um druida pode oferecer, não curti muito jogar com essa classe (mas eu tinha uma cimitarra e isso era afudê).

Aconteceram muitas coisas malucas: eu me esquentei e matei três homens lagartos que estavam nos ameaçando sem necessidade e daí o mestre tirou meus poderes temporariamente (“Isso é coisa que um druida faça?” “ Mas…mas…eu sou caótico neutro”. Fiquei na geladeira por um tempo, mas precisavam de mim); eu tinha três lobos e OS TRÊS morreram num desabamento porque o mestre quis (“Ah, não…tu ta muito apelona com esses três lobos aí”); sem falar nas mudanças de ambiente por causa dos portais malucos.

"Tá bom, mas não se irrite."
“Tá bom, mas não se irrite.”

Enfim, o monge foi mestrar (o cara que matou meus lobos).

O cara simplesmente nos jogou dentro do covil de um dragão adormecido.

"FUUUUUUUUUUUUUUUUUU"
“FUUUUUUUUUUUUUUUUUU”

E precisávamos pegar o ovo dele. Agora não me lembro direito, mas tínhamos um plano de fazer o dragão ingerir algum explosivo, algo assim (maldita memória que falta nessas horas, se o bardo ler isso poderá esclarecer).

Então a estratégia era: eu batia no dragão, o mago, imaterial,  implantava o explosivo no dragão (e agora veio algum flashback bizarro na memória envolvendo um cachorro conjurado com explosivos inseridos em seu corpo para o dragão comer) e o bardo, bem, o bardo fazia o que podia, né?

Ah, o bardo. O bardo tinha um rato, e seu nome era Sardinhas Perigoso Feijão Bronzeado Intenso (realmente não lembro se a ordem dos nomes era essa). Era uma homenagem a três dos roedores falantes e sapientes de “O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados”, do Terry Pratchett. Sardinhas tinha um chapéu de palha e sapateava muito bem, além de poder fazer ataques com os seus dentes.

A questão é que nosso plano não deu certo, o dragão acordou, o mago (filho duma p#$@) permaneceu imaterial a batalha inteira, sem participar, e eu e o bardo apanhamos muito.

Quando estávamos no bico do corvo (e o dragão também), o bardo diz: o Sardinhas ataca!

E com sua mordida de 1pv (ou menos) de dano, o dragão tomba.

Sardinhas, feliz, começa a dançar. Usou o couro do dragão que abateu para fazer uma armadura. E o bardo diz que vai cantar por todos lugares a história daquele rato: Sardinhas Perigoso Feijão Bronzeado Intenso Sapateador de Dragões.

Te mete com o rato.
Te mete com o rato.

P.S.: e o ovo. Pois é, o ovo. Seguimos viagem com o ovo e a essa altura o mago já havia retornado. Em um momento que o ovo estava sob minha guarda, o mago tenta roubar o ovo de mim, só que eu percebo. O mestre pergunta “o que tu vai fazer?” “Vou decepar a mão dele com a minha cimitarra” “O quê???” “É isso aí.”

Nada que uma falha crítica não resolva. A cimitarra voou da minha mão quando eu desferi o golpe (acho que errei a tendência, devia ter jogado como caótico mau).

Causos de RPG parte 3 – O riso histérico de Tasha

Olá, eu poderia estar roubando, matando ou trabalhando, mas estou aqui para contar mais uma de minhas pataquadas envolvendo RPG.

Essa se trata de um período mais recente…lá pelos idos de 2005, acho, já estava na faculdade (e estranhamente essa história que é mais recente me recordo de menos detalhes).

Era um belo feriado de novembro e eu havia visitado o laboratório de entomologia e feito meu censo diário dos besourinhos e torcendo para que eles morressem logo de uma vez (meu primeiro trabalho de iniciação científica foi com ciclo vital de pragas de grãos armazenados. Só não esperava que a forma adulta dos “bissos” fossem viver um ano!). Após tão entusiasmado evento me dirigi até a casa da Mahanarva Girl para começar uma campanha de D&D com o pessoal do laboratório e convidados (que, devido a indisciplina coletiva, não perdurou). Estávamos lá, naquela situação básica de sempre de mestre que não sabe muito bem como arranjar um pretexto para reunir os personagens jogadores. “Vocês estavam numa taverna e…”

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“Bom, vocês estavam em uma taverna e…e…e…e apareceu um tarrasque!” “Whaaaat?”

Realmente, estávamos em uma taverna. Só que eu era uma barda feliz e saltitante de carisma 18 que passava 87,45% do tempo bêbada e tocando violino. Adoravelmente insuportável. Nunca fui muito chegada a jogar com bardos, mas estava pela diversão, uma vez que já havia um mago e uma ranger no grupo (a Srta. Mahanarva).

Tínhamos uma ranger quieta e misteriosa, um mago azedo e arrogante e uma barda que parecia a Pollyanna. Óbvio que não ia dar certo.

O mago e eu fomos acometidos por algo que ocorre espontaneamente com muito mais freqüência do que se imagina, principalmente entre jogadores que não se conhecem: empatia reversa (a.k.a. antipatia ou “eu não fui com a lata daquele cara”).

Eis que durante uma viagem de barco na qual estávamos indo para o nosso grande destino, que era ir até a torre do mago mestre do mago chato para pedir ajuda (ou penico), precisávamos de um item. Que estava com o mago. E o mago não queria nos dar. Então eu inventei de fuçar nas coisas do mago, falhei no teste, ele percebeu e me lançou “O riso histérico de Tasha”. E eu pensei “mas que grande filho da p*&% você, hein?”

Para quem não sabe (inclusive eu, até ser atingida pela magia), o Riso Histérico de Tasha te deixa gargalhando sem motivo algum e o alvo perde ações por 1d3 rodadas (que no meu caso eram 3 rodadas).

Foi o maior erro que ele poderia ter cometido naquela tarde.

Só que eu fiquei rindo mesmo. Gargalhando. Por uns dez minutos ininterruptamente. Tudo que falavam para mim eu ria. Eu ria, me perguntavam o que estava acontecendo, eu apontava para o mago e continuava rindo. Fiquei incomunicável por um bom intervalo de tempo e o mago ficou muito, mas muito puto.

E  graças a ele eu ainda ganhei um bom XP por interpretação. ^____^

Rá! Salci fufu.
Rá! Salci fufu!

Causos de RPG parte 2 – O javali do anão

Olá povo! Cá estou novamente para narrar fatos (semi) engraçados ou (nem tanto)curiosos ou meramente desperdiçadores de tempo para vocês. Então vamos passear na floresta enquanto a Mahanarva Girl não vem, ou enquanto a Mahanarva Girl passeia na floresta vamos saber de mais um causo de RPG.

Esse causo trata-se da primeira vez que joguei RPG na vida. Estava passando as férias de inverno na fatídica praia do post anterior. Estava na casa dum amigo do meu pai, onde ele estava ficando até terminar de construir sua casa. E tinha uma galera na casa, porque estavam os dois filhos do amigo dele mais dois amigos. E, obviamente, como eu era guria e a mais nova (estava com 12, enquanto eles tinham entre 14 e 16) viviam me enchendo o saco. Eu passava as tardes solita jogando meu mega drive. Enfim um dia perceberam que aquela trollagem não levava a nada e me convidaram para jogar uma aventura de AD&D.

Fiquei tri faceira, estava sendo incluída no grupo. E então resolvi jogar com uma personagem maga. Quando estava construindo o personagem, o mestre disse: pega a perícia “cozinhar”. E eu “mas pra que cozinhar? Ninguém sabe cozinhar?”

Ao passo que ele diz: “Jogar uma carne no fogo todo mundo sabe, mas só com essa perícia tu pode fazer um banquete para um rei”.

“Eu sou uma maga….para que eu quero fazer um banquete?”

“Tu ainda pode salvar a vida do teu grupo com isso”.

“Mas não pode ser outro personagem?”

Ao passo que um jogador diz: “Não Ju, tu é a mulé do grupo, por isso tem que ser tu.”

(Cooking Mama feelings)

“Ta, bom. Me dá essa merda aí.”

Let's cook!
Let’s cook!

Nosso grupo consistia de dois magos, um humano (eu) e um elfo chamado Merlin XB (nem pergunte o que diabos se passava na cabeça desse ser; passei a aventura inteira zoando o cara chamando-o de Kamen Rider Black RX), e dois guerreiros, um humano e um anão. O anão ainda encasquetou com a peculiaridade de que ele queria um javali como montaria. O mestre: “então ta, tu quer um javali, beleza, toma o teu javali.”

O fato de todos serem de primeiro nível e um tanto inexperientes fez com que nos metêssemos em muitas encrencas. Fazíamos coisas estúpidas como ser acertados por lágrimas de Beholder, e eu não agüentava mais só ter “dardos místicos” e “mãos flamejantes”. Eis que numa dessas ficamos perdidos, exaustos, feridos e famintos no meio duma floresta, à noite. Não tínhamos mais o que fazer, íamos capotar. Buscamos coletar algum fruto, caçar algum pequeno animal.

Subitamente, todos nós tivemos a mesma idéia maligna e nos entreolhamos, com exceção do anão (que não era burro nem nada). Ele apenas gritou:

– O MEU JAVALI NÃO!

Deu pra ti, Pumba!
Deu pra ti, Pumba!

Mas não foi ouvido. O guerreiro nocauteou o anão e o amarramos em uma árvore. Abateram o javali, e eu o preparei no capricho. Quando o anão despertou tínhamos guardado um pernil de seu pobre bicho para ele.

Causos de RPG parte 1 – Xena, a amazona faxineira

Era uma vez um veraneio lá pelos idos de mil novecentos e muitos, quando esta que vos fala contava com 13 anos. Estava passando as férias de verão na casa de meu pai, em um balneário do litoral norte do Rio Grande do Sul.
Naquela época, roliça e pálida como uma larva de mosca, a última coisa que desejava na vida era expor a minha pança albina em um biquíni no meio de um turbilhão de gente e guarda-sóis, sapateando sobre tatuíras furiosas.

"Vai uma prainha aí?"
“Vai uma prainha aí?”

Não é que eu não gostasse de praia. Eu gostava sim, mas após as 17 horas quando o sol não era mais tão intenso e eu mergulhar tranqüila na água gelada, caminhar na beira do mar para catar moluscos interessantes e coisas afins (sempre muito bem protegida por alguma camiseta preta de banda até os joelhos).

"Nah....valeu."
“Nah….valeu.”

Acordar cedo? Nem pensar! Eu ficava lendo até às 4 horas da matina, como ia acordar cedo? Eu tinha boa música, bons livros, HQ’s, comida e jogos no PC. Para que diabos eu ia querer ir à praia?
Meu pai não sabia o que fazer comigo.
Eis que aparecem meus amigos. Sim, as criaturas responsáveis por eu ter começado a jogar RPG nas férias de inverno do ano anterior.
– Daê Ju, a gente vai começar a jogar uma nova campanha semana que vem, ta a fim de participar?

"Elementar, meu caro Watson."
“Elementar, meu caro Watson.”

Certo. Era a atividade que faltava para as férias ideais da nerd adolescente.

Só que meu pai não entendia isso. Ele queria uma filha saudável e bronzeada que acordasse cedo nas férias e respirasse o ar puro da manhã (ah, e que andasse com meninas também).

Daí começou o meu inferno. Ele vivia implicando comigo quando eu ia jogar, porque eu passava as tardes inteiras fora e com um bando de guris. Até que ele descobriu uma maneira bem simples de resolver o problema.
– Tá, tu pode ir jogar, mas a tua prima vai junto.
E assim começou uma das aventuras mais insólitas das quais participei.

Acontece que minha prima, como boa adolescente de 15 anos default, não tinha muita sacada para essas coisas, desse tal RPG (embora miraculosamente eu tenha conseguido convencê-la a assistir Cavaleiros do Zodíaco quando éramos pequenas, e ela amou. Tinha até bonequinhos). Então os guris começaram a pacientemente explicar para ela a dinâmica do jogo e o que ela deveria fazer (claro que eles deviam estar felicíssimos de ter uma moça senso stricto jogando….digo, alguém com um mínimo de vaidade e senso estético, que andasse de saias e passasse esmalte nas unhas).
– Então que tipo de personagem tu quer fazer?

– Como assim?
– É. Tu pode ser uma guerreira, uma clériga, uma maga…
– Ah, eu quero ser guerreira!
– Então ta. E qual vai ser teu nome.
Ela parou. E pensou…pensou….pensou…pensou. Não vinha nada. Todos estão apreensivos na mesa quando ela fala, confiante:
-Já sei! Xena!

É, seu Jean Luc, cada coisa que se vê nessa vida...
É, seu Jean Luc, cada coisa que se vê nessa vida…

Desnecessário dizer que o riso foi geral. Inclusive dela. Ninguém estava esperando por isso. A verdade é que ao longo das aventuras que jogamos, minha prima saiu-se muito bem. Agradeço até hoje por ela, mesmo não apreciando tanto a arte de jogar RPG (mais detalhes em outro post), ter despendido parte de seu tempo para que eu pudesse jogar, sem proibições de meu pai. Mas a parte em que ela tinha mais dificuldade era o roleplay.

– Na aventura anterior , vocês conseguiram salvar a cidade e graças à isso, ganharam casas para se estabelecerem por lá – Explica o mestre – É uma manhã calma e vocês estão em casa. O que estão fazendo?

– Estou polindo meu armamento e vou orar para minha Deusa – responde o paladino.
– Estou despertando em um galho em cima duma árvore, próxima da minha casa. Sabe como é, nunca me dei bem com casas. – respondo eu, que interpretava uma ranger que tinha fugido da família aos nove anos.
– E tu, Xena, que está fazendo

– Eu….eu….eu to limpando a casa!

– Quê??? – a mesa em uníssono.
– É gente, não dá pra viver só assim, tem que dar uma ajeitada na casa de vez em quando.

E assim nasceu a história de Xena, a amazona faxineira.

Masah, hein? Chegada numa limpeza...
Masah, hein? Chegada numa limpeza…

Um grupo, uma campanha, uma aventura, uma menina deslocada e algumas boas risadas…

Bom após o post inaugural da minha querida amiga que responde por vários nomes (Lorelai é um deles que me lembro no momento). Me apresentando sou a senhorita Mahanarva (entre outros pseudônimos) a louca guria que Galaschi conheceu na faculdade sou eu (unidas pelo Snape quem diria hein hein?) Bom estarei dando uma força nas postagens (se bem que quanto a bunda do Wolverine achei um assunto deveras interessante ahuahuahua mas não vou me ater nisso agora). Pois eis que surge o post…após essa breve introdução…
druid2Apesar de gostar de RPG não tenho muitas grandes experiências em campanhas duradouras, pois nossas campanhas gaúchas nunca foram além de uma simples idéia ou do primeiro capítulo da jornada. Pois bem, tudo começou com uma ficha de D&D que casualmente enxerguei sobre a mesa do bárbaro Histo Nunov (não vou usar nomes verdadeiros para que não sejam cobrados direitos autorais). Logo me empolguei com a ficha e perguntei extasiada.
“Tu joga RPG?”
“Não nunca joguei, o mestre (também sem citar nomes) está organizando uma campanha se quiser posso perguntar se tu podes entrar.” Grunhiu o bárbaro com um olhar bondoso.
Bom uma pequena pausa para a idéia de preconceito contra meninas em uma campanha que surgiu naquele momento em minha mente. Além disso, quando Nunov me disse alguns dias depois que não tinham aceito minha participação, me revoltei.
“Só porque sou mulher” indignei-me e deparei com um sorrisinho despontando em seus lábios. “Era brincadeira, todo mundo achou massa”. Uma pontada de alívio surgiu em meu peito era a hora de construir um personagem e eis que surge a Laurásia: uma menininha ruiva, tímida de 16 anos com força 18 e muitas armas alocadas em suas costas em meio a jogadores experientes prontos para tirarem proveito de sua condição indefesa. Uma ranger, para variar um pouco, com um carcajú (o Logan) como companheiro animal. Seus companheiros (que as vezes demonstram um pouco de desprezo e impaciência para com Laura e sua forte indecisão): Histo Nunov, o bárbaro de 3 metros de altura, moicano, cara de mau, tatuagens e queixo proeminente, carregando uma great sword e um mangual. Um bárbaro, digamos um pouco tático com um grande medo da morte e de atacar em certos momentos, mas um cara legal. Kirk o clérigo da ordem (que nunca lembro o nome) calmo, calculista sempre com uma magia na manga para salvar o dia, uma armadura pesada que o impossibilita de realizar qualquer ação mais furtiva e uma tendência inicial a proteger a Laura e não acreditar em suas habilidades em combate. Porque será que nunca posso ir à frente? Isso seria preconceito? Frase do mestre: ela carregada mais armas que você Kirk e é um tourinho de forte com 16 anos. Pelo menos ele não fica largando piadinhas sem graça quanto a questão relacionada a relacionamentos amorosos. Qualquer tentativa sem graça estou rolando um dado de 20 para ver qual parte do corpo iria decepar primeiro. Continuando, o odioso ladino Fritz (nome gigante e incompreensível) da dita casa Alboléu que ninguém no mundo conhece. Ele se diz nobre é um contador de histórias miserável, quer tirar proveito de tudo, bebe que nem um gambá alcoolizado, se esconde nas batalhas e se puder retira-se estrategicamente, deixa os companheiros caídos e vai recolher tesouros ou seguir em frente….pois bem um elfo pequeno de cabelos azuis extremamente irritante, egoísta e ótimo em abrir fechaduras se auto intitulou “exímio besteiro” uma besta ele carrega, mas sobre o ponto de ser exímio já não sei não. Bom esse é o grupo: um bárbaro, um ladino, um clérigo e uma ranger perdida lá no meio e é claro o mestre. Bonitas aventuras…
já até matamos um dragão…
EU TENHO UM GRUPO eheheheehhee

(By The Mahanarva Girl)