Olá pessoas, tudo bem?
Estava eu um dia desses bem feliz rindo de piadas envolvendo rpg na internet e mostrei para o sobrinho 01 e ele não entendeu a piada. Não preciso dizer a cara de tia deslocada que eu fiquei.
Aí me dei conta que era hora de tomar vergonha na cara e apresentar o bendito RPG (aquele, mais de mesa) para os sobrinhos. Para ao menos eles entenderem minhas piadas envolvendo D20 e rolar iniciativa.
Fui na casa da mãe e desencavei todas as Dragão Brasil, o Manual 3D&T e os suplementos de Tormenta que eu tinha e levei para os padawans conhecerem.
“Ai mas agora o que eu faço com isso?”
“Agora tu lê, para conhecer as regras e aprender a jogar.”
“Mas tem que ler TUDO ISSO???”
Esqueci que eles são da geração online e não conseguem desgrudar do computador nem para ler um pouquinho. Te vira aí magrão, quer jogar então vai ter que estudar. Lição 1 do RPG: leitura.
“Vamos jogar agora!”
“Não dá para jogar agora. Tem que bolar a aventura. E eu tenho que estudar a aventura, sou eu quem vai narrar, tenho que saber o que vai acontecer. E tem que fazer as fichas de vocês, isso leva tempo.”
Lição 2 do RPG: paciência. Somando os sobrinhos 01 e 02, mais o marido e a irmã, foram quatro fichas de personagem para fazer. E eles perceberam que não é tão simples como fazer um pedido no Starbucks. Não é só número. É quem tu é, quais as tuas motivações. Mesmo que tu seja um vendedor de paçoca que foi atacado por um vampiro e se tornou um caçador de vampiros e outros mortos vivos (diga-se de passagem, a história do 01). Aliás, nessas horas é que tu vê aquela criatividade escondida, que se reflete em histórias mirabolantes e desenho do personagem atrás da ficha, como o filho de nobres de Valkaria que teve a família assassinada e foi criado num orfanato porque quando atingisse a idade certa ia ser usado em experimentos por magos, fugiu e virou espião (a história do 02).
Para mestrar a primeira aventura dessa turma escolhi “O Dado Selvagem”, que foi publicada na edição 68 da Dragão Brasil (nem lembro que ano foi isso…hehe). A aventura se passa em Arton, numa cidadezinha próxima à Valkaria, envolve artefatos mágicos etc. etc. Então um elfo ranger, um caçador de vampiros, uma clériga de Nimb e um espião entram em uma taverna e…
Lição 3 do RPG: trabalho em equipe. É difícil fazer com que todo mundo resolva fazer a mesma coisa ou ir para o lado que está previsto, principalmente em um grupo iniciante (e que tem um menino de 12 e um de 9 anos). “Então o mascarado saiu cavalgando em direção à ponte…” “Tô nem aí!!”
Felizmente com o tempo o grupo se ajustou e passou a debater e decidir as ações juntos, o que é uma coisa linda de se ver, principalmente se tratando de uma aventura em família. O que gerou momentos hilários e alguns bordões engraçados como o “cuida da tua vida”, ou o 01 influenciar a mãe e o irmão a irem por um caminho onde acabaram caindo numa fossa.
Outra coisa muito interessante que testemunhei foi compaixão por kobolds; em vez de derrotar o “chefão”, vence-lo com diálogo; e sacrificar um bem precioso em prol dos amigos. Lição 4 do RPG: RPG não é só combate. RPG não se trata só de XP ganho por monstro abatido. É diversão e botar os miolos para funcionar. Cada ação geram consequências posteriores e é aí que entra o roleplay. Nessa lição meu grupo de iniciantes tirou A. 😉
Agora, de volta à taverna com os bolsos cheios de outro e aclamados como heróis pela população do vilarejo, o grupo é procurado por um cavaleiro que precisa de ajuda e sabe quem poderá auxilia-lo…
Até amanhã!