Após alguns anos afastada: envelheci, amadureci, mas a capacidade literária acabou passando por um processo degenerativo. Simplesmente não consigo gostar mais daquilo que escrevo logo, me pergunto: como manter um blog dessa maneira? Obviamente deixando que minhas coautoras e amigas postem por mim e não permitam que o Vergonha morra ou definhe por ausência de posts. Mas hoje e somente hoje, estou aqui para falar sobre livros. Exatamente e especificamente LIVROS.
Livros são instrumentos brilhantes. São fontes de conhecimento, formadores de opiniões, portais para mundos fantásticos e universos paralelos, professores de português, desencadeadores de ideias, entre outros adjetivos que eu levaria uma tarde inteira para enumerar. Só posso dizer que desde sempre tenho uma paixão por livros e quero poder influenciar exércitos, populações, universos para que todos compartilhem dessa mesma paixão, independente do que estão lendo. Basta estarem lendo que já me dou por satisfeita.
Parafraseando o décimo doutor (em um episódio da segunda temporada de Doctor Who chamado Tooth and claw, não é um dos meus episódios favoritos, mas a frase é deveras interessante):
“You want weapons? We’re in a library! Books! The best weapons in the world! This room’s the greatest arsenal we could have – arm yourselves!”
Traduzindo para quem é preguiçoso ou somente para ocupar espaço no post e com isso atestar que sou capaz de escrever uma grande quantidade de palavras mesmo que essas não passem de falação desnecessária.
“Vocês querem armas? Estamos em uma biblioteca! Livros! As melhores armas do mundo! Essa sala é o maior arsenal que podemos ter – então armem-se!”
Parafraseando Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”
Fantástico não?
Inclusive durante o curso da história, em muitos períodos ocorreram grandes queimas de livros justamente por eles serem considerados perigosos (só para citar alguns casos e deixar o post mais comprido e cansativo: livros foram queimados durante o nazismo, durante a inquisição e em muitos outros momentos cruciais). Pois é, disso conclui-se que: uma massa pensante é muito mais ofensiva que uma massa ignorante. Infelizmente os opressores se deram conta disso e os livros acabaram sofrendo as consequências. Mas isso não vem ao caso e foge parcialmente do título da postagem. O verdadeiro motivo que me inspirou a escrever esse ensaio foram os livros obviamente e o transporte coletivo.
Utilizo o transporte coletivo regularmente e certas vezes durante a viagem ocorre o chamado aborrecimento repentino. Nesse caso ponho-me a observar os meus arredores (quem nunca ficou olhando as pessoas em volta e imaginando o que elas devem fazer da vida que atire a primeira pedra). Confesso que fico mais atenta aos humanos que carregam livros. Carregou um livro junto no ônibus já ganha um ponto de empatia na minha escala imaginária. Eis que penso: “Essa pessoa e eu temos um gosto em comum: livros”. E eis que me esforço para ver o título do livro, o autor ou o assunto. Esses dias um rapaz estava lendo Stephen King. Senti uma grande ternura tanto pelo livro como pelo rapaz. Nesses casos você imagina “Conversar com esse indivíduo deve ser interessante, que outros livros ele deve ter em casa?”
O que lemos talvez revele muito sobre nossa personalidade, ambições, atitudes. Talvez carregar um livro publicamente seja uma forma explícita de mostrar um pedaço do seu eu aos olhos mais atentos. Por exemplo, estou dizendo indiretamente: “adoro aventuras, sou romântico, sou revolucionário, jogo RPG, quero ser um aviador, adoro ficção cientifica, tenho uma queda por física quântica”. Todos esses atributos podem ser estimados dentro de um ônibus. Carregar livros poderia ser uma forma de aumentar a empatia entre pessoas estranhas. Isso é um fato. Então sempre que puderem carreguem seus livros, levem-nos para passear, deem uma chance a eles. Sem ao menos perceber vocês podem estar sob o olhar atento e escrutínio de alguém que também goste de ler. Isso pode não resultar em nada ou parecer insignificante, mas com certeza melhora a viagem de um passageiro aborrecido. Já que, não consigo ler em um ônibus em movimento me esforço para saber o que as pessoas a minha volta estão lendo.
Era isso…o texto poderia ser mais profundo e mais avassalador mas infelizmente não consigo ou pretendo não conseguir.
Que a força esteja com todos vocês…
The Mahanarva Girl